FOTOREPORTAGEM

À conversa com... (part 3)

Por: Marta Miranda e Raquel Rodrigues
A vertente teórica é de certo muito importante e consolida os nossos conhecimentos práticos. Mas o estágio, a prática e o saber como é o trabalho de um jornalista também é muito importante para a formação de qualquer profissional nessa área.
Os alunos nem sempre sabem aquilo que pretendem seguir, e mesmo que tenham uma ideia precisa não têm noção do que um profissional faz realmente.
Assim, fomos em busca de profissionais de várias áreas da comunicação para dar a conhecer a todos as suas opiniões sobre como é trabalhar.
Toma atenção, a seguir pode ser o teu curso..

À conversa com...

Marisa Rodrigues
Jornalista
TVI e Jornal de Notícias

Quais as áreas do jornalismo que desenvolve?
Televisão (TVI) e sou também correspondente para o Jornal de Notícias, a única correspondente aqui no Algarve (Televisivo e imprensa escrita).

Qual o que lhe desperta mais interesse?
É difícil responder a essa pergunta. Televisão é muito mais completa e o jornal dá-nos muito mais liberdade. Em televisão temos menos tempo para escrever embora no jornal também tenhamos o espaço limitado pelos caracteres mas é um desafio maior, especialmente quando não temos fotografia, mas mesmo quando temos o único suporte é de facto a nossa palavra. E em televisão não, quase não é preciso texto, se as imagens forem muito boas não vale a pena estar a escrever muito. A televisão é um desafio, sem dúvida e é muito bom trabalhar em equipa, é principalmente esse o desafio – saber comunicar não só com as pessoas que estão lá em casa mas começar pelo nosso colega, porque os jornalistas sem os repórteres de imagem não conseguimos mas o jornal também é bastante emocionante e desafiante precisamente porque estamos sozinhos e as palavras têm que ter mais cor do que em televisão porque é só isso que sustenta o nosso trabalho.
Não consigo é não fazer as duas coisas. Muitas vezes chego à redacção e tenho uma peça de 1min e meio para fazer e sento que a informação que estou a dar é muito incompleta e fico descansada porque sei que tudo aquilo que não usei mas que recolhi, vou poder usá-la no jornal. No meu caso, uma complementa a outra. Já trabalho assim há algum tempo e não me vejo a fazer uma coisa só.

Sabemos que foi estudante da UAlg, de alguma forma esta a ajudou no seu lançamento?
O curso permitiu (apesar da teoria) experimentar um bocadinho. Em televisivo senti vontade de experimentar. Numa tinha pensado televisão. Deu-me coragem para pedir estágio em televisão.
A mim deu-me para experimentar um bocadinho de tudo e deu para perceber como funcionam todas as áreas. Deu para perceber não a que gostava mais, mas a que me desse um maior desafio. As práticas é que nos fazem perceber o que gostamos ou não. As teóricas, na vida profissional de pouco ou nada nos serve mas são gratificantes quando temos um trabalho de uma área mais específica, dá-nos sentido crítico. Nós somos uma redacção pequena, todos fazem um bocadinho de tudo. É bom que saibamos um bocadinho de cada área, para não sermos ignorantes e conseguirmos ter uma conversa com o entrevistado que vai para além da pergunta/resposta. Nesse aspecto o curso serviu.

Participou em algum projecto enquanto estudante?
Só no inicio, o PERU (projecto experimental da rádio universitária), deu origem À RUA. Não havendo instalações nem frequência adquirida o PERU tinha umas horas semanais numa rádio local que era a SUPER FM, como repórter de rua.

Pode descrever-nos um pouco do seu dia?
Tem dias. Imprevisível, sobretudo. Temos mais ou menos noção de que horas vamos trabalhar. Quando nos deitamos sabemos que estamos de serviço à noite ou de manhã, se tiver de manhã, convém levantar-me cedo. Tarefa de ir buscar os jornais, fazer as rondas (ligar para a GNR, PSP, Bombeiros, trânsito). E depois é esperar para ver. Há pedidos de Lisboa, de pessoas que ligam para lá, o coordenador define quem é que vai fazer.
Aqui cobrimos Algarve, baixo Alentejo e Andaluzia. Podemos vir trabalhar para faro de manhã e arriscamo-nos a ir para Espanha e a ter de passar lá a noite, já aconteceu.

Pode deixar-nos alguma dica para os estudantes do curso?
Não terem medo de dar a cara, nem de fazer o que eu fiz, vir aqui humildemente com o currículo de baixo do braço e pedir um estágio curricular. Em 2002. Não desistirem, serem activos, ligar, conhecer as pessoas que trabalham nos sítios. Dizer eu estou aqui, cheio de vontade de aprender, de ajudar. Quero e estou disponível.
Ser muito polivalente. Actualmente, há cada vez mais pessoas a ultrapassar-nos. Não tão competentes mas mais polivantes. Agora com o iol, além dos textos já têm pequenas reportagens. Já há alguém que sai com o micro, que filma e que edita. Imprensa, jornalismo televisivo e digital.
Não ter medo de pedir, humildade, estar atento. Ser uma pessoa muito interessada. Ler jornais, ver tv, ouvir rádio. Saber quem são os jornalistas de topo. Muito interessado. Ser capaz de fazer tudo. Pegar numa câmara, tirar uma foto. A qualidade não tem sido muito premiada é mais a polivalência. Se eu trabalhar muitos anos em tv, se aparecer alguém mais novo, com disponibilidade, sem filhos, sem vida própria, já está.
Humildade, não ter medo d dar a cara, nem de pedir. No início não se ganha dinheiro. A polivalência e o interesse.

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