Por: Sofia Trindade
Ilustração: Grethel Ceballos
Numa altura em que a tradição académica de ingresso nas tunas parece estar a decair conversamos com Nuno Saraiva, Infante da Real Tuna Infantina – Tuna Mista da Universidade do Algarve, que falou abertamente da evolução das tunas de forma a acompanhar a nova realidade do “estudante de Bolonha”, do seu papel de união na sociedade académica e no mito boémio que envolve as tunas.
Vantagens e desvantagem de se pertencer a uma “família” como descreve as tunas e de assumir as responsabilidades perante a equipa, falou-nos com base na sua experiencia de tuno que já conta com oito anos.
O que é que te levou a entrar na tuna?
Sempre tive vontade de entrar para a tuna. Depois surgiu a oportunidade, fui assistir a um ensaio da Real Tuna Infantina e fiquei logo.
Correspondia ao que eu esperava. O espírito, a música, a amizade.
Achas que fazer parte da tuna é uma tradição que está a decair?
Não, mas acredito que um jovem que hoje em dia entra e tem 3 anos para fazer o curso tem pouco tempo para experimentar e vivenciar a tradição académica e é de notar que também existe uma maior pressão financeira que noutros tempos seria inexistente.
Hoje em dia o estudante falta aos ensaios para estudar, antigamente não. Havia um espírito de devoção para com o projecto e a equipa da tuna que se foi perdendo. Hás vezes, devido a actuações, fazíamos directas com exames nos dias seguintes. Era diferente, não se explica.
Actualmente há muitos alunos interessados, mas quando se apercebem que estar na tuna implica trabalho alguns desistem.
Qual o papel que as tunas têm na vida académica hoje em dia?
Não percebo porquê os jovens vêm fazer o curso e ficam-se por isso. Há cada vez mais gente que não se preocupa em conhecer ou saber o que existe na vida académica para além disso.
Como disse há aqueles que vêm e ficam mas também há os que quando se decepcionam com o trabalho fogem das responsabilidades e abandonam a tuna.
Antigamente, quando entrei para a tuna os ensaios eram feitos numa garagem em que chovia, hoje em dia há condições, cada tuna tem a sua sala onde ensaia e guarda os seus prémios mas não parece ser o suficiente para conquistar novos “projectos”.
Creio que as tunas têm e terão sempre um papel importantíssimo na transmissão da tradição da vida académica e mesmo de união entre os alunos da instituição. E não creio que esse papel da tuna seja banalizado entre os estudantes.
Adaptamo-nos à nova realidade dos estudantes de Bolonha e alteramos recentemente o tempo mínimo que se demora a subir na hierarquia. Trata-se de uma medida fulcral para garantir a continuidade da tuna.
O espírito académico era mais forte na altura?
O pessoal antigo tinha uma aura fantástica, transmitiam o espírito académico, eram pessoas enraizadas, compreendiam o que era.
Mas, temo-nos vindo a adaptar à nova realidade dos estudantes.
O problema será das tunas, que não se conseguem adaptar à realidade do estudante de hoje em dia, ou será a desmotivação dos estudantes que já não valorizam a tradição académica?
Eu acho que o estudante não quer perder tempo com a tuna.
Participar numa tuna requer muita coisa. Ao estar numa tuna entras numa família e tens que perder tempo para conhecê-la e saber trabalhar em grupo.
Qual a imagem que tentam passar da Universidade do Algarve quando a representam em concursos de tunas?
O nosso principal objectivo é mostrar que temos qualidade, assim como a instituição que representamos. E creio que as tunas da UAlg o têm feito e muito bem.
Como caracterizas o espírito da tua tuna? E a relação entre os vários membros da tuna?
O convívio e a cumplicidade são as palavras-chave. Há uma boa cumplicidade entre as pessoas que é reforçada nos ensaios e fora dos treinos, saímos todos juntos para beber uns copos, fazemos jantaradas e essa energia do grupo é transmitida durante as actuações.
Existem rivalidades entre as tunas dentro da UAlg?
Existe uma rivalidade saudável. Mas a nossa é mista e por isso é compreensível que não possa ser comparada à feminina e à masculina.
Esperas permanecer na tuna mesmo depois de acabares a tua formação académica?
Houve uma altura em que só estava a trabalhar, pouco era o estudo. Nessa altura ponderei a hipótese de sair, mas enquanto a tuna precisar estarei cá. Talvez não a 100%, mas estarei para ajudar, claro.
Gostarias de fazer algum repto aos alunos da Universidade do Algarve para ingressarem nas tunas da UAlg?
Quem quer perceber na totalidade o conceito da vida académica deve ingressar na tuna. Por isso convido-vos. Experimentem, conheçam e se realmente gostarem, fiquem.
Se não gostar poderá sempre abandonar a tuna, mas posso assegurar que quem lá esteve ganhou outra percepção da vida académica.
Vantagens e desvantagem de se pertencer a uma “família” como descreve as tunas e de assumir as responsabilidades perante a equipa, falou-nos com base na sua experiencia de tuno que já conta com oito anos.
O que é que te levou a entrar na tuna?
Sempre tive vontade de entrar para a tuna. Depois surgiu a oportunidade, fui assistir a um ensaio da Real Tuna Infantina e fiquei logo.
Correspondia ao que eu esperava. O espírito, a música, a amizade.
Achas que fazer parte da tuna é uma tradição que está a decair?
Não, mas acredito que um jovem que hoje em dia entra e tem 3 anos para fazer o curso tem pouco tempo para experimentar e vivenciar a tradição académica e é de notar que também existe uma maior pressão financeira que noutros tempos seria inexistente.
Hoje em dia o estudante falta aos ensaios para estudar, antigamente não. Havia um espírito de devoção para com o projecto e a equipa da tuna que se foi perdendo. Hás vezes, devido a actuações, fazíamos directas com exames nos dias seguintes. Era diferente, não se explica.
Actualmente há muitos alunos interessados, mas quando se apercebem que estar na tuna implica trabalho alguns desistem.
Qual o papel que as tunas têm na vida académica hoje em dia?
Não percebo porquê os jovens vêm fazer o curso e ficam-se por isso. Há cada vez mais gente que não se preocupa em conhecer ou saber o que existe na vida académica para além disso.
Como disse há aqueles que vêm e ficam mas também há os que quando se decepcionam com o trabalho fogem das responsabilidades e abandonam a tuna.
Antigamente, quando entrei para a tuna os ensaios eram feitos numa garagem em que chovia, hoje em dia há condições, cada tuna tem a sua sala onde ensaia e guarda os seus prémios mas não parece ser o suficiente para conquistar novos “projectos”.
Creio que as tunas têm e terão sempre um papel importantíssimo na transmissão da tradição da vida académica e mesmo de união entre os alunos da instituição. E não creio que esse papel da tuna seja banalizado entre os estudantes.
Adaptamo-nos à nova realidade dos estudantes de Bolonha e alteramos recentemente o tempo mínimo que se demora a subir na hierarquia. Trata-se de uma medida fulcral para garantir a continuidade da tuna.
O espírito académico era mais forte na altura?
O pessoal antigo tinha uma aura fantástica, transmitiam o espírito académico, eram pessoas enraizadas, compreendiam o que era.
Mas, temo-nos vindo a adaptar à nova realidade dos estudantes.
O problema será das tunas, que não se conseguem adaptar à realidade do estudante de hoje em dia, ou será a desmotivação dos estudantes que já não valorizam a tradição académica?
Eu acho que o estudante não quer perder tempo com a tuna.
Participar numa tuna requer muita coisa. Ao estar numa tuna entras numa família e tens que perder tempo para conhecê-la e saber trabalhar em grupo.
Qual a imagem que tentam passar da Universidade do Algarve quando a representam em concursos de tunas?
O nosso principal objectivo é mostrar que temos qualidade, assim como a instituição que representamos. E creio que as tunas da UAlg o têm feito e muito bem.
Como caracterizas o espírito da tua tuna? E a relação entre os vários membros da tuna?
O convívio e a cumplicidade são as palavras-chave. Há uma boa cumplicidade entre as pessoas que é reforçada nos ensaios e fora dos treinos, saímos todos juntos para beber uns copos, fazemos jantaradas e essa energia do grupo é transmitida durante as actuações.
Existem rivalidades entre as tunas dentro da UAlg?
Existe uma rivalidade saudável. Mas a nossa é mista e por isso é compreensível que não possa ser comparada à feminina e à masculina.
Esperas permanecer na tuna mesmo depois de acabares a tua formação académica?
Houve uma altura em que só estava a trabalhar, pouco era o estudo. Nessa altura ponderei a hipótese de sair, mas enquanto a tuna precisar estarei cá. Talvez não a 100%, mas estarei para ajudar, claro.
Gostarias de fazer algum repto aos alunos da Universidade do Algarve para ingressarem nas tunas da UAlg?
Quem quer perceber na totalidade o conceito da vida académica deve ingressar na tuna. Por isso convido-vos. Experimentem, conheçam e se realmente gostarem, fiquem.
Se não gostar poderá sempre abandonar a tuna, mas posso assegurar que quem lá esteve ganhou outra percepção da vida académica.
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